TEUJ - Tenda Espírita
Unidos por Jesus
Trecho transcrito do livro “Legião, um olhar sobre o reino das sombras”. do médium Robson Pinheiro pelo espírito Angelo Inácio.
Capítulo 2 – Zonas de deterioração
Os personagens estavam indo visitar uma área do plano extra físico que tinha vibrações muito densas, e assim que eles adentraram ouviram grito terríveis, gemidos e prantos que ecoavam pela escuridão. Gritos de mágoas, contendas e discussões, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma tempestade. Os lamentos eram tão intensos que o médium Raul que, desdobrado, acompanhava o preto velho Pai João e o jornalista desencarnado Ângelo, não se conteve e chorou.
- Pai João quem são esses espíritos que sofrem tanto e se expressam com tamanha dor? Perguntou o médium.
- Esta é a situação daquelas pessoas que não se definiram no mundo pelo bem divino, colocando-se numa posição neutra, o que já representa um mal em si. Misturam-se com a multidão de seres e confunden-se com os quiumbas. Não assumiram uma posição clara e resoluta durante suas vidas; assim, meu filho, do lado de cá do véu que separa as duas realidades, são arrastados como num vendaval, sem encontrar forças para se subtraírem às influencias daninhas dos espíritos delinquentes. Seu sofrimento representa a angústia de quem sabe não estar bem, mas julga não ter recursos próprios para se libertar.
Esses seres desencarnam aos milhares pelo mundo afora, principalmente nos países onde a vida espiritual não é cogitada, nem ao menos pressentida. Permanecem completamente ignorantes de uma vida espiritual ou espiritualizada. Ao cruzarem o rio da vida, suas mentes automaticamente os conduzem a essa situação desoladora. Essa classe de espíritos compõem a imensa legião dos chamados encostos, que se aproximam dos encarnados para se sentirem aliviados.
- Então eles não fazem parte da legião dos quiumbas? Perguntou Raul.
- Eles são utilizados pelos quiumbas assim como os quiumbas o são por seres mais inteligente. Por exemplo: quando um elemento da malta de marginais é contratado por algum espírito mais especializado para provocar um processo de enfermidade em alguém, como procederá? O tal quiumba levará cativo em suas vibrações alguns desses sofredores e, havendo afinidade mental e emocional com o encarnado, ambos os espíritos se acoplam à aura do infeliz. Nessa circunstância, o sofredor absorve certos fluídos, sentindo-se mais revigorado, enquanto a vítima do processo obsessivo padece das dores e dos incômodos daquele ser.
- O que se pode fazer para libertar alguns desses seres reduzidos a ferramentas de processos obsessivos?
- No âmbito umbandista, meu filho, são conhecidas e utilizadas certas ervas, que, simplificando, são dotadas de altíssimo poder absorvente. Quando bem utilizadas elas sugam o fluído mórbido tanto do encosto como do encarnado, que é a vítima. Isso só não é o suficiente, é necessário, também, o esclarecimento do ser subjugado, quando se trata do sofredor o que se alcança através da conversa com o espírito. Quando a limpeza energética é realizada na aura dos seres envolvidos, o desencarnado estará liberado daquela carga tóxica e estará apto para a conversa fraterna ou doutrinação.
Como esses espíritos em sofrimento não possuem, quase em sua totalidade, o conhecimento da vida espiritual, precisam de algum tempo para meditar, fazer algumas reflexões; a seguir devem ser conduzidos, em breve espaço de tempo, à reencarnação. Durante a próxima vida, em novo corpo físico, entrarão em contato natural com o sofrimento e a marginalidade (lei das afinidades), mas se verão também envoltos em algum conhecimento espiritual elementar. Reclamarão algum tipo de alimento espiritual básico, sem complexidade e sofisticação, para que possam começar a ter noções de algo além do mundo material.
E é precisamente por precisarem de um conhecimento tão básico que vemos no mundo a atuação cada vez mais intensa das chamadas igrejas pentecostais e neo-pentecostais, bem como do movimento católico carismático, os quais abordam a questão espiritual de maneira bem distinta daquela que o espiritismo e a umbanda apresentam. Esses nossos irmãos, com sua fé radical e alto poder de persuasão, tem prestado imenso benefício, pois retiram esses espíritos, já reencarnados, de dependências químicas e antros de perdição, como dizem. Conduzem esses seres à vivência de algum princípio moral, que desperte neles conceitos elementares, a fim de elevá-los em relação à vida puramente material.
- Mas será válida a forma como trabalham com esse público? Indagou Raul. - Em suas pregações, valem-se de imagens como o inferno, a perdição eterna e o diabo, arrebatando fiéis através do medo.
- Que outra linguagem tais irmãos entenderiam? Continuou pai João. - Emergem de uma situação no plano astral na qual conviveram com imenso sofrimento; eram fantoches nas mãos de espíritos marginais. Sobretudo, seu despreparo espiritual é tamanho que não compreenderiam a linguagem detalhada e explícita da doutrina espírita. Reencarnam, então, em meio à marginalidade, conforme dita a própria sintonia de seus espíritos. Habituaram-se de tal maneira às imagens mentais de sofrimento e dor do plano onde estagiaram que, uma vez na Terra, só estão aptos a dar ouvidos aos apelos das pregações fortes e recheadas de elementos familiares a seu universo. O inferno do qual querem escapar, ou o diabo, por quem alimentam tanto pavor, são os obsessores e especialistas que deles se serviam antes da reencarnação atual. Decorrem desse fato o conteúdo de medo e as imagens mentais fortes que muitos ministros pentecostais e carismáticos empregam.
Tudo tem uma finalidade útil. Muitos dos atuais pregadores que se dedicam a trabalhar nas favelas e nos lugares de peso vibratório são espíritos de guardiões, que já desempenhavam esse papel nas regiões astrais, antes de reencarnar. Especializaram-se no resgate dessas almas; ao reencarnarem, em seu ministério, contam com a linguagem mais adequada a coibir os abusos que esses espíritos trazem como marca de sua conduta. Somente esse tipo de linguagem e vocabulário poderá ser capaz de conter seus instintos primitivos.
Reencarnados, tanto os espíritos sofredores como os quiumbas encontrarão no linguajar típico das igrejas reformadas um eco, imagens expressas de acordo com o que viveram na erraticidade.
Talvez vocês entrem em contato com alguma propaganda igrejeira, falando de ex-drogados, ex-ladrões, ex-prostitutas, que agora se converteram àquela determinada religião. Mesmo em contato com uma fé mais elementar, esses ex-sofredores e ex-quiumbas, agora encarnados, tem a oportunidade de ouvir falar também de um paraíso cristão, de uma continuidade da vida em alguma estância do universo. Ou seja, estão recebendo informações simples, sem complexidade, para que mais tarde possam assimilar o alimento espiritual mais elaborado das religiões espiritualistas de caráter mediúnico.