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A Crença na Existência de um Deus Único
 

 

 Como pode a umbanda se dizer monoteísta e ao mesmo tempo glorificar um panteão de Orixás e entidades em seus rituais?

 

 Uma coisa definitivamente não elimina a outra. Os Orixás não são considerados Deuses. Para nós, Deus é único (ou Jeová, Alá, Brama, Fo-Hi, Grande Espírito – para nós umbandistas Zambi – vários nomes que representam a mesma coisa), onipotente (se não tivesse soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas), imutável, imaterial (difere de tudo o que chamamos de matéria – de outro modo não seria imutável), eterno, incriado (ou seja, sempre existiu – não pode ter saido do nada ou ter sido criado por um ser anterior) e acima de tudo soberanamente justo e bom. Enfim, que é infinito em todas as perfeições e que nada acontence sem a sua permissão.

 

 Zambi é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

 

 Zambi está em toda parte, porque em toda parte ele irradia, podemos dizer que o Universo está mergulhado na divindade, como nós estamos na luz solar. Nem todos percebemos Deus da mesma maneira, porque os Espíritos mais atrasados estão envolvidos numa espécie de nevoeiro ou neblina que O oculta. Esse nevoeiro não se dissipa enquanto o Espírito não evolui e se purifica.

 

 O sentimento de que Deus existe está inbuido em todas as culturas de todas as civilizações terrestres (é verdade que com representações bem distintas umas das outras). Negar esse sentimento é acreditar que existe efeito sem causa. O ser humano nunca poderá compreender a natureza de Deus, por que não possui os sentidos desenvolvidos o suficiente para tal. Mas quanto mais se aproxima da perfeição, maior conhecimento de Deus lhe é dado entrever.

 

 Tanto a Umbanda como o Espiritismo convergem quando dizem que o homem é livre e responsável por seus atos, recompensado ou punido pelo bem ou pelo mal que houver feito; colocam acima de todas as virtudes a caridade evangélica e a seguinte regra sublime ensinada pelo Cristo: fazer aos outros como queremos que nos seja feito.

 

 Todos os seres humanos são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem para o mesmo fim. Zambi nos criou simples e ignorantes, com o intuito de nos fazer adquirir conhecimento para que possamos progressivamente chegar a perfeição, pelo caminho da verdade, para cada vez estarmos mais próximo d’Ele.

 

 Deus não criou o mal; Ele estabeleu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as segue fielmente, seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos (ou as almas ou os seres humanos), tendo seu livre arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal. Todos temos a liberdade de escolher, assim, cada um tem o mérito de suas obras, tanto boas, quanto más.

 

 E porque Deus quer que todas as suas criaturas caminhem pelos caminhos da bondade e da virtude que permitiu a existência dos Orixás e das Entidades cultuadas nas giras da Umbanda, de maneira que suas leis fossem observadas e de alguma maneira os homens percebessem como podem sofrer as consequências de seus próprios atos.

 

 Os Orixás são a personificação dos efeitos das vontades de Zambi. Ou, em outras palavras os Orixás são a personificação de forças da natureza e das vontades e características dos seres humanos. Por isso dizemos, por exemplo que Xangô é o Orixá da Justiça e Iemanjá a rainha do mar. São seres que já alcançaram um grau de evolução grande e são as criaturas que consideramos mais próximas de Deus (como os Anjos na religião católica).

 

 Já as entidades são Espíritos que viveram na terra em encarnações passadas e que podem nos passar uma gama de experiências de quem sabe pelo o que estamos passando enquanto encarnados e também o que nos espera quando voltarmos para o mundo espiritual.

 

 Falaremos muito mais a respeito dos Orixás e das Entidades que cultuamos aqui na TEUJ nos próximos textos.

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