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Doutrina 10: Capítulo 13

Doutrina do dia 04 de Julho de 2015.

Amai os vossos inimigos.

Se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que as amam? – Se o bem somente o fizerdes aos que vo-lo fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida? – Se só emprestardes àqueles de quem possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma vantagem? Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus. – Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.” (S. LUCAS, 6:32 a 36.)

 

Nessa passagem Jesus conclama o amor aos inimigos, algo difícil para Espíritos em desenvolvimento que somos. Com poucas exceções, ainda não aprendemos a amar nossos próximos mais próximos.

Se amar ao próximo constitui princípio de caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio. No entanto, não pretendia Jesus dizer que temos que dispor da mesma ternura que temos para um irmão, com os nossos inimigos. A ternura pressupõe confiança e ninguém pode confiar em uma pessoa que sabidamente lhe quer mal. Ninguém pode ter com essa pessoa expansões de amizade, sabendo que ela é capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que compartilham as mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, estando na presença de um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo. Amar os inimigos não pode significar que não se deve estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Esse preceito parece impossível quando se entende que Jesus mandou que se colocase no mesmo lugar os amigos e os inimigos, ou seja, no coração.

 

Amar aos inimigos não é portanto, ter uma afeição por quem a própria natureza te afasta. Amar aos inimigos é não lhes guardar ódio, rancor ou desejos de vingança; é perdoar, sem pensamento oculto e sem estabelecer condições o mal que nos causem; é desejar-lhes o bem e não o mal; é socorre-los em se apresentando ocasião; é finalmente retribuir-lhes o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar, quem assim procede, preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.

 

Mas quem são esses inimigos? Podem ser as pessoas com as quais não nos simpatizamos, às vezes até sem saber porque, com as quais temos relacionamentos difíceis, às vezes uma mescla de amor e animosidade, num antagonismo de sentimentos e de emoções. Podem fazer parte da família, do grupo de trabalho, da vizinhança, do clube de recreação. Muitas vezes, são adversários do passado, que estão conosco para que transformemos a antipatia em simpatia, a aversão em amizade, o desamor em amor, através da boa vontade em uma convivência ou relacionamento mais agradável, na busca das qualidades boas nossas e dos outros, e na tolerância aos defeitos e imperfeições alheias.

 

Em doutrinas passadas explicamos a importância da resignação. Nós umbandistas, que teoricamente temos mais conhecimentos sobre a realidade do espírito e do mundo espiritual, temos a certeza da continuação e da evolução da vida, temos de ter um comportamento diferenciado no relacionamento com as pessoas. Não adianta vivenciarmos o espiritismo e toda a sua doutrina apenas aos sábados e no período em que estivermos dentro do centro. Devemos agradecer a mão que lhe dá ensejo de demostrar a sua paciência e a sua resignação, essa idéia nos leva naturalmente ao perdão. Além disso, quanto mais generosos nós somos, mais nos engrandecemos aos nossos próprios olhos e nos colocamos fora do alcance dos dardos dos nossos inimigos.

Devemos nos esforçar para desenvolvermos as qualidades que um dia nos permitirão amar incondicionalmente a todos como irmãos, não importando quem sejam ou o que fizeram, mas amando como Deus, aquele que é soberanamente justo e bom, ama igualmente a todos os seus filhos.

 

Absurdo? Não. Possível? Sim. Na própria Terra, existem exemplos de pessoas que se doaram, por amor, que se esqueceram de si por amor ao próximo, sem preocupar-se quem e como ele é. Podemos citar rapidamente Madre Teresa e Chico Xavier como espíritos muito evoluídos e que viveram para a caridade e amor ao próximo. Nós umbandistas compreendemos que a Terra é um lugar de espíritos imperfeitos e errantes, compreendendo de que todos estamos em processo evolutivo, devemos aproveitar estes momentos para exercitar o perdão, a compreensão, a benevolência, inclusive com aqueles que tem aversão por nós, não devemos aceitar este sentimento.

 

Uma coisa importante de se lembrar é que quando falamos em amar os nossos inimigos, estamos falando também dos que estão desencarnados. Já falamos sobre isso em doutrinas passadas também, mas é sempre bom lembrar que não há coração perverso que, mesmo de má vontade, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, o pretexto, podendo até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Pode-se, portanto, contar inimigos entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações.

 

Antigamente, eram sacrificados animais e até pessoas para apaziguar a fúria dos chamados deuses infernais. Mais tarde esses deuses foram chamados de demônios, que o espiritismo nos explica ser nada mais do que espíritos maus, que deixam a Terra, mas continuam presos aos instintos materiais. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados. Estes espíritos somente poderão ser pacificados através da caridade e do amor que a eles for destinado. A caridade, além de impedir que pratiquem o mau, o conduzem ao caminho do bem.

 

Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. – Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; – e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhe entregueis o manto; – e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. – Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (S. MATEUS, 5:38 a 42.)

 

Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra ofensa, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Ao orgulhoso este ensino, sobre oferecer a outra face, parecerá uma covardia, porque ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente. Quer dizer que não posso me defender? Jesus não condenou a defesa, mas sim a vingança. Oferecer a outra face significa não revidar, não exaltar a ofensa ou não dar importância, porque se a ofensa é verdade, é um aviso benéfico, se é uma inverdade, deve ser desprezada. Chico Xavier disse: se as críticas dirigidas a você são verdadeiras, não reclame. Se não são, não ligue para elas.

 

A interpretação desse dito de Jesus pode ser a seguinte: dizendo para apresentarmos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse ele, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus que é infinitamente bom e justo e que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o porque de repetirmos incessantemente: lançemos para diante o olhar; quanto mais nos elevamos pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos nos magoarão as coisas da Terra.

 

A idéia central aqui é que não há vantagem em pagar o mal com o mal independente de quem o tenha feito contra nós. Porque se odiasemos a quem nos odeia, não valeríamos mais do que eles. Se temos sentimentos de vingança para com quem quer que seja, estaremos julgando e condenando, e já dissemos em outras doutrinas, não julgais para não ser julgados. Deixem essa parte para Deus. A vingança é um dos últimos remanescentes costumes bárbaros que continuam entre nós, mas que tendem a desaparecer.

 

Já diz o Evangelho: “a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa o mal impune, é a única que nos pode dar a força de suportar, pacientemente, os atentados aos nossos interesses e ao nosso amor-próprio. Eis por que vos dizemos, incessantemente: voltai os vossos olhos para o futuro; quanto mais vos elevardes, pelo pensamento, acima do material, menos sereis feridos pelas coisas da Terra.”

 

Afastem os sentimentos maus de seus corações e vivam intensamente a lei do amor. Se bem, que a lei do amor mande que cada um ame indistintamente a todos os seus irmãos ela não coloca uma couraça no coração contra os maus que nos atacam e machucam, estas são, ao contrário a prova mais angustiante.

 

No Evangelho Segundo o Espiritismo tem uma longa explicação a respeito de duelos (aqueles onde duas pessoas se encontravam e duelavam até a morte), que na época que o livro foi escrito era motivo de preocupação, mas que hoje perdeu, graças a Deus, o sentido. Mas podemos falar de uma coisa muito semelhante que vem a ser os assaltos e os assassinatos a sangue frio que se ve diariamente nos jornais e televisões. Para resumir, não existe vantagem em entregar a sua vida, em função de um bem material, toda a maldade será julgada por Deus e se fizermos a nossa parte trazendo a Lei do Amor para o nosso dia a dia, conseguiremos mudar essa tendência crescente de violência que tem assolado não só o Brasil, mas a humanidade de uma maneira geral, e ao invés de provocar desesperos ou revolta, provocam sentimentos doces e suaves de humildade, de resignação e a pessoa se sente mais próxima de Deus, da paz e da felicidade.

Absurdo? Não. Possível? Certamente que sim.

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