TEUJ - Tenda Espírita
Unidos por Jesus
A importância do Amanci
Por Marcelo Carneiro de Albuquerque
O Amanci é um dos rituais mais importantes da Umbanda e está presente no calendário da TEUJ, sendo realizado anualmente.
Consiste basicamente na “limpeza” do Orí ou Chacra Coronário, buscando a purificação da matéria e do espírito do médium de Umbanda, assim como de nossas guias e Deloguns, com uma mistura de ervas maceradas de nossos Orixás e água da cachoeira.
Em nossa casa é realizado, normalmente, no mês de novembro, que destinamos para a realização de nossas obrigações de fim de ano, pois em dezembro temos apenas sessão na primeira semana e aí “fechamos” para as festas de fim de ano.
Durante o ano vamos acumulando em nossas guias e em nossa áurea, vibrações tanto positivas como negativas, de acordo com os trabalhos realizados na casa, por nós e nossas Entidades (lembrem-se que médiuns e Entidades sempre trabalham juntos), sendo realizada então essa “limpeza” no fim do ano, já nos preparando para o próximo ano que virá pela frente.
O chacra coronário ou Orí é como se fosse uma flor aberta e é o principal ponto de captação de energias, sejam elas positivas ou negativas. Com o decorrer do ano e a medida que os trabalhos vão acontecendo, há um fechamento gradual do chacra. Quando fazemos a lavagem do Orí com a mistura das ervas de nossos Orixás e com a água da cachoeira, o chacra é reaberto em sua plenitude, por isso fazemos o Amanci previamente à nossa Obrigação de fim de ano, para que possamos estar neste dia com os nossos chacras totalmente abertos para podermos receber toda a energia possível.
Não realizamos a lavagem do Orí durante o ano todo, pois assim o chacra permaneceria totalmente aberto durante todo o tempo, o que por um lado tem seu ponto positivo, mas também temos o lado negativo, pois as energias de baixa vibração também teriam um campo amplo de atuação em nossos chacras, por isso fazemos apenas o mais próximo possível de nossa Obrigação de fim de ano para aproveitarmos ao máximo as energias ofertadas por nossos Orixás e entidades no dia da Obrigação e com o correr do tempo e à medida que os trabalhos do ano vão acontecendo ele vai se fechando novamente. A cada ano, dependendo da exigência e das vibrações ocorridas no decorrer do mesmo, a forma de realização é adaptada, apesar de mantermos uma estrutura básica de realização do ritual. No mês anterior, ou seja, em outubro, nosso Guia Espiritual Pai Antônio D´Angola determina a maneira que iremos realizar o Amanci, ou seja, qual a mistura de ervas vamos utilizar, podendo ser para o Orí apenas a erva de nosso “primeiro” Orixá ou a mistura dos três “primeiros” Orixás. Já para as guias e Deloguns, há uma variedade muito grande de ano para ano, ou seja, as guias chamadas de trabalho separadas dos Deloguns, estes por sua vez podem ser separados um em cada bacia (cada um com sua respectiva erva) ou então todos juntos em uma mesma bacia com as ervas maceradas e misturadas.
Nas guias de Exú, Ciganos e nas Guias de descarrego, também há uma variedade grande do processo de limpeza realizado a cada ano, onde já utilizamos, desde envolver ou cobrir as guias com determinadas ervas inteiras, ou em forma de misturas com ervas maceradas ou até mesmo a utilização de outros líquidos.
No dia determinado para a realização do Amanci o médium deverá estar com as suas guias e Deloguns com o número de contas adequado e verificar se não há contas ou firmas quebradas. Deve ser observado também se há frouxidão nas Guias, sendo que qualquer alteração acima descrita deve ser consertada para a realização do ritual. O médium deverá estar na casa o mais cedo possível, para macerar as suas ervas e preparar seus materiais que serão utilizados no ritual.
Deve haver também a troca dos saquinhos dos breves que os médiuns carregam consigo, pois os conteúdos dos breves também sofrem novo processo de magnetização, sejam eles estrelas de Davi, que todos os médiuns de nossa casa devem possuir, ou então frações dos Obis e Orobôs utilizados nas obrigações dos médiuns oborizados ou dos Iaôs.
O médium deve ter consigo no dia do Amanci, bacias e toalhas limpas específicas para cada tipo de guia (guias de trabalho de suas entidades, Deloguns, guias de Exú, de Ciganos e descarrego) a fim de secá-las após permanecerem em imersão nas bacias com as suas misturas de ervas. Os saquinhos para acondicionamento das guias também devem estar limpos, identificados e separados.
É de fundamental importância que o médium não esqueça de levar também para o dia do Amanci a sua toalha utilizada no seu batismo, pois será ela a ser colocada sobre o seu Orí, que será lavado com a sua mistura de ervas por nosso Mentor Espiritual. Lembrando que esta toalha é sagrada para o médium e por isso mesmo, não deve ser lavada após o uso, sendo somente posta para secar à sombra quando o médium chegar em sua residência.
O médium para participar do Amanci deve estar com a sua cabeça lavada previamente com sabão da costa, que é nada menos do que um sabão neutro, para retirar a influência de qualquer produto químico, assim como para abrir o chacra coronário para receber a sua erva e assim proporcionar a limpeza e renovação de suas energias.
Em nossa casa os médiuns terão que realizar resguardo até às 12 horas do dia seguinte, onde durante este período não poderá lavar a sua cabeça, consumir bebidas alcoólicas, ter relações sexuais, ingerir alimentos de difícil digestão, evitar locais públicos e permanecer com seu Orí coberto para que fique protegido do sol e do sereno, já que como foi mencionado acima, nesta hora o chacra estará totalmente aberto e passível de receber tanto energias positivas, quanto negativas, daí a importância do resguardo. No dia seguinte o médium após o meio dia então realizará a lavagem de sua cabeça com sabão da costa novamente e só aí estará liberado de seu resguardo. Note que o resguardo só poderá ser quebrado após a lavagem da cabeça. Enquanto não ocorrer este procedimento, mesmo que já tenha passado do meio dia, o médium não terá seu resguardo quebrado.
Lembrando que estes procedimentos se referem aos que são realizados em nossa casa de santo, cada casa deve ter o seu ritual de acordo com o tipo de trabalho realizado por seus Guias Espirituais.